segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O Chauvinismo

Não é de hoje que os nativos de um determinado local ou os membros de um qualquer grupo se considera superior, melhor ou com mais direitos que os outros. Na sociedade de consumo e concorrência em que vivemos, a frequência deste fenómeno aumentou de tal forma que o termo “chauvinista” ganhou novos usos, a maior parte das vezes, mal enquadrados.

Observamos que é condição bastante para alguém apelidar outrem de “chauvinista” o simples facto de se sentir prejudicado por este nas suas pretensões, veremos que as coisas não são assim tão simples.

Hoje temos Chauvinismo, até à próxima:

7 – O Chauvinismo

Em 1790, terá nascido, em Rochefort, na França, um tal Nicholas Chauvin, que se tornou soldado do Primeiro Exército da República Francesa e posteriormente alinhou na Grand Armeé de Napoleão Bonaparte. Chauvin alistou-se aos 18 anos e serviu a sua pátria de forma honrosa, sabe-se que foi ferido em combate 17 vezes, tendo ficado desfigurado e deficiente. A sua lealdade e e dedicação valeram-lhe a atribuição de um Sabre de Honra e uma pensão de 200 Francos pelo próprio Napoleão.

A sua distinta folha de serviço e o seu amor por Napoleão, que, de resto, persistiu, apesar de tudo, valeram-lhe uma vida de ridículo e vergonha na era pós-napoleónica. A nação Francesa tinha perdido o seu idealismo e o nacionalismo apaixonado estava fora de moda. A história da sua vida serviu de tema para comédias que foram produzidas na época do Vaudeville, entre as quais se destaca “La Cocarde Tricolore”, dos irmãos Cogniard, nas quais a personagem de Chauvin personificava um patriotismo exagerado. Através destas peças, o termo “chauvinismo” popularizou-se como sinónimo de fervor nacionalista excessivo.

Desde então, é normal chamar-se chauvinismo à crença narcisista próxima da mitomania de que as propriedades do país ao qual se pertence são as melhores sob qualquer aspecto. O chauvinismo resulta sempre de uma argumentação falsa ou paralógica, uma falácia de tipo etnocêntrico ou de ídola fori. Na retórica, está presente nalguns dos argumentos falsos chamados ad hominem que servem para persuadir com os sentimentos em vez da razão. A prática parece ter-se desenvolvido fundamentalmente com a crença do romantismo nos "caracteres nacionais", (o volkgeist dos alemães), mas já no tempo dos antigos gregos se gozava com quem estava convencido de que a lua de Atenas era melhor que a de Éfeso.

O Chauvinismo representa então o partidarismo excessivo e pouco razoável do grupo a que se pertence, especialmente se este partidarismo inclui malícia e ódio em relação ao grupo rival. Das adaptações que foram feitas ao longo dos anos destacam-se o chauvinismo masculino ou feminino, com base no género, e o jingoísmo, que designa uma atitude política predatória, geralmente de uma nação em relação a outras.

Esta palavra não requer a consideração de se ou chauvinista tem razão ou não, apenas implica que a sua opinião não é razoável porque ignora todos os factos que a contrariam. Modernamente, é usada pejorativamente para significar que o chauvinista, ao mesmo tempo, é pouco razoável e está errado.

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