sexta-feira, 25 de maio de 2007

Maçonaria, Igreja Católica e Illuminati

Hoje encerramos a entrada sobre a Franco-Maçonaria neste nosso breviário. As histórias, como a vida, não são estanques, por isso, é provável que encontremos adiante, noutras entradas deste breviário, algumas referências a este tema e até o desenvolvimento de alguns dos momentos que neste artigo foram abordados ao de leve, como sejam as histórias de revoluções e movimentos de independência que registaram alguma influência maçónica.

Não nos debruçámos sobre o funcionamento da Maçonaria nos dias de hoje porque consideramos que esse é um trabalho para ser levado a cabo por jornalistas, o nosso papel não é o de fazer notícias mas sim o de contribuir para a formação dos nossos leitores, fazendo-lhes chegar alguns dados que, muito provavelmente, desconhece e que lhe são úteis para a compreensão do mundo em que vivemos e para a análise das relações políticas e sociais.

No que diz respeito à Maçonaria, consideramos que, com o artigo de hoje, a nossa missão está cumprida, tendo disponibilizado os dados suficientes para que o leitor atento entenda do que se trata, como funciona e quais os seus objectivos, esperamos ainda ter contribuído para uma melhor compreensão do tema por parte do público em geral e conseguir, com esta peça, o enquadramento de algumas outras que já surgiram e continuarão a surgir neste breviário.

Dito isto, sigamos em frente:


5.7 - Relações dos Estados e das Autoridades Religiosas com a Maçonaria


Curiosamente, o primeiro sobrerano a aderir e a proteger a Maçonaria foi o Imperador Católico Francisco I, que foi o fundador da última dinastia reinante da Áustria, enquanto as primeiras medidas contra a Maçonaria foram tomadas por governos Protestantes, na Holanda, em 1735. Desde então até tempos recentes, a Maçonaria foi perseguida e proibida, intermitentemente por toda a Europa. Durante o período de 1827 a 1834, foram tomadas medidas contra a Maçonaria em vários Estados Americanos. No que diz respeito à Europa pode-se afirmar que todos os regimes que não originaram em movimentos revolucionários, de uma forma ou de outra, tentaram proteger-se das sociedades secretas do tipo maçónico, quer limitando-as, quer proibindo-as.
A acção da Igreja tem-se baseado em pronunciamentos papais contra a Franco-Maçonaria, que têm ocorrido regularmente desde 1738, tendo todos os Papas, com excepção do último, que provavelmente ainda não teve tempo para isso, emitido o seu juízo quanto à maldade intrínseca deste movimento. Os mais profícuos neste capítulo foram Bento XIV, Pio IX e Leão XIII . Estes escritos pontifícios têm estado perfeitamente de acordo uns com os outros e apenas têm evoluído de acordo com os desenvolvimentos que foram sendo exigidos pelo crescimento da influência da Maçonaria e de outras sociedades secretas, tendo os mais recentes sempre reiterado os anteriores.
Clemente XII indica claramente as razões pelas quais as associações maçónicas devem ser condenadas do ponto de vista católico, nos aspectos morais, políticos e sociais. Estas razões são diversas. Em primeiro lugar, Clemente XII aponta o carácter peculiar, não-sectário e naturalista da Fraco-Maçonaria, através do qual, em teoria e na prática, esta mina a fé Cristã e Católica, primeiro nos seus membros e através deles, no resto da sociedade, gerando indiferenciação religiosa e desprezo pela ortodoxia e pela autoridade eclesiástica. Em segundo lugar, aponta o inescrutável secretismo e o disfarce camaleónico da Maçonaria e da sua obra, através dos quais, “homens deste tipo entram como ladrões numa casa e, como raposas, conseguem esquivar-se por entre as vinhas”, “pervertendo os simples, usurpando o seu bem estar espiritual e temporal”. Em terceiro lugar, este Papa, que foi o primeiro a pronunciar-se sobre a questão, aponta que os votos de secretismo e de fidelidade à Maçonaria e à ora Maçónica, são condenáveis, porque o objecto e o âmbito da Maçonaria são malvados e condenáveis e o candidato é, na maioria dos casos ignorante da importância e da extensão das obrigações que assume. Os segredos ritualísticos e doutrinais, que são o principal objecto dos votos, de acordo com Clemente XII, são ninharias ou mesmo inexistentes, afirmando este que mesmo os códigos de reconhecimento mútuo dos maçons, que representariam o único e essencial segredo da maçonaria, estão representados em muitos livros, então, defende este Papa, os verdadeiros segredos da Maçonaria só podem ser conspirações políticas ou anti-religiosas. Assim, em todos os aspectos, os votos maçónicos não são apenas sacrílegos como também representam uma ameaça à ordem pública. A finalizar, Clemente XII, afirma o perigo que tais sociedade representam para a segurança e tranquilidade do Estado e para a saúde espiritual das almas, e consequentemente, a sua incompatibilidade com os Direitos Civil e Canónico.
Os restantes éditos papais apresentam apenas alguns traços característicos. Bento XIV apelou à urgência dos príncipes católicos e autoridades civis auxiliarem a Igreja na sua luta contra a Maçonaria. Pio VII condenou a sociedade secreta da Carbonária, que segundo ele não era um derivado, era certamente uma imitação da Maçonaria. Leão XII deplora o facto de as autoridades civis não terem atendido aos anteriores decretos papais e de em consequência disso, terem nascido das antigas sociedades maçónicas, seitas ainda mais perigosas que as anteriores. Gregório XVI declara que as calamidades da sua era se deveram principalmente às conspirações das sociedades secretas, e, como Leão XII, critica o indiferencialismo religioso e as falsas ideias de tolerância propagadas pelas sociedades secretas. Pio IX caracteriza a Franco-Maçonaria como uma organização insidiosa, fraudulenta e perversa, insultuosa tanto para a religião como para a sociedade e condena novamente a sociedade maçónica e outras similares, que diferindo apenas na aparência, “abertamente conspiram contra a Igreja e as autoridades legais”. Depois, segundo Leão XIII, o propósito último da Maçonaria é “derrubar toda a ordem religiosa, política e social baseada nas instituições Cristãs e o estabelecimento de um novo estado de coisas de acordo com as suas próprias ideias e baseado, nos seus princípios e leis, em puro Naturalismo”. Papas mais recentes têm emitido decretos no mesmo sentido destes dos Sécs. XVIII e XIX.
Devido a estas razões variadas, os Católicos, desde 1738, incorrem em pena de excomunhão se participarem de ou promoverem de qualquer forma seitas maçónicas, pelo que os éditos papais contra a Franco-Maçonaria têm frequentemente levado a acusações falsas e erróneas ao longo dos três últimos séculos e provavelmente têm contribuído mais do que qualquer outra coisa para a cimentação da fama da Maçonaria como fomentadora e participante de conspirações.

5.8 – A Maçonaria e os Illuminati


Quando, em 1776, Adam Weishaupt formou os Illuminati da Baviera, planeou infiltrar a sua organização na Maçonaria e usar o secretismo das Lojas maçónicas para recrutar maçons para os Illuminati, convencendo-os de que era ele quem tinha a chave para os graus mais elevados da Maçonaria. O seu plano era criar uma organização secreta para controlar o mundo a partir dos bastidores para “benefício“ da humanidade, tornando as guerras obsoletas, os pobres ricos, eliminando fronteiras nacionais e raciais, retirando aos pais a responsabilidade de criar as suas próprias crianças e formando um governo comunista universal. O único senão era que, entretanto, teria que provocar algumas guerras, abolir a religião, e muitas pessoas teriam de morrer no processo. Para Weishaupt isto não eram muito mau porque, como costumava dizer: ”os fins justificam os meios”.

Weishaupt decidiu então que não contaria a ninguém a parte má até que subissem o suficiente para serem capazes de fazer tudo para manterem o seu poder e posição social. Recrutou os líderes sociais, os ricos e os prestigiados e poucos anos depois haviam centenas de Lojas Iluminadas na Europa e dezenas na América. No tempo da Guerra Revolucionária e da assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, houveram rumores acerca de os Illuminati estarem a trabalhar para destruir a República. George Washington escreveu acerca deles nos seus diários e descreveu possíveis ligações deste grupo ao Eastern Banking Establishment bem como o fomento de deserções nas fileiras revolucionárias através de acções de propaganda dos Illuminati.

Os Illuminati aproveitaram a sua oportunidade para chegar ao poder em 1789, em França, durante a Revolução Francesa, espalhando a revolta contra a religião e a monarquia. Controlando a imprensa e os vendedores de livros, conseguiram emitir toda a espécie de propaganda a incitar o povo à revolução. Quando tudo acabou e o povo pensou que tinha o poder para si, os Illuminati detinham secretamente as rédeas do poder na Assembleia Nacional Francesa. Foram necessárias décadas de trabalho de um grupo muito mais secreto e muito mais antigo para a situação se começar a inverter. Mas, essa é uma outra história…

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