domingo, 29 de abril de 2007

O Trabalho da Maçonaria

Passados que estão dois meses desde a última edição deste breviário, regressamos ao tema da Maçonaria, que deixámos incompleto devido à enorme extensão de texto.

Começamos por publicar parte do texto de um e-mail que nos chegou do Seixal, que nos dá nota de um assunto de relevo, escreveu-nos este leitor, o seguinte:

“Quero-te falar de António Augusto Louro, que é um ilustre desconhecido para a grande maioria e quanto muito para os habitantes do Seixal é nome de escola.
No entanto para além de outras coisas, é a ele que se deve por exemplo, a primeira comemoração do dia da árvore realizada em Portugal, evento que se realizou no Seixal, fará no próximo mês de Maio 100 anos.
Comemoração esta muito ligada ao ideal maçónico, bem como à época o era a instrução do povo, com a criação das escolas oficina e evento maior a proclamação da República, intimamente ligada à Associação do Registo Civil e ainda à Carbonária, à qual António Augusto Louro também pertencia.
Interessa ainda que Augusto Louro presidiu à instalação da Loja "Esperança de Porvir" loja fundada em 1906 no Barreiro e que manteve a sua actividade até à clandestinidade em 1935.
Augusto Louro fundou ainda Lojas e Triângulos na Moita e Sesimbra.”

Pediu-nos este amigo que nos debruçássemos mais sobre este assunto e procurássemos mais informação sobre esta figura histórica do concelho do Seixal. Depois de uma breve pesquisa na Internet concluímos que esse esforço não seria necessário, uma vez que já está presente no site do Grémio Lusitano uma curta biografia de António Augusto Louro. Quem tiver mais interesse sobre este tema poderá facilmente consultar a página constante deste endereço: www.gremiolusitano.pt/pdf/cont81.pdf .

Posto isto, continuemos o assunto em causa.



5.5 - O Trabalho Interno da Maçonaria: Símbolos e Votos

“Do princípio ao fim, Maçonaria é trabalho”. O trabalho maçónico, propriamente dito, é o trabalho interno ritual e secreto através do qual os maçons são preparados para o trabalho externo. Este último, por sua vez, consiste na acção para o bem geral da humanidade de acordo com os princípios maçónicos. Recordemos os três graus da Maçonaria. Estes três graus correspondem a três rituais de passagem, que simbolizam a transformação da pedra bruta numa peça sem imperfeições. Estes rituais de passagem são, por ordem, a iniciação, a passagem e a ascensão. Os símbolos presentes nestas cerimónias, explicados de acordo com os princípios maçónicos e com as pistas verbais recebidas nos rituais e palestras, constituem o manual de instrução maçónico.

A educação, uma vez iniciada, é complementada pela participação na vida da Loja, na qual cada maçon é encorajado a participar activamente, participando regularmente nas reuniões, beneficiando, de acordo com a sua habilidade, dos meios que a Maçonaria lhe oferece para se aperfeiçoar. Este aperfeiçoamento é feito de acordo com os ideais maçónicos, através da participação na discussão de temas maçónicos e do contributo para o bom governo da Loja, que é apresentada como um modelo para a sociedade em geral. A Loja é, supostamente, um modelo para o mundo e é proposto que os maçons tomem parte na regeneração da espécie Humana. O simbolismo da Maçonaria é a sua própria alma, sendo a sua essência, do princípio ao fim, o símbolo.

O Maçom é treinado para considerar as instituições religiosas, políticas e sociais existentes como fases passageiras da evolução humana e para descobrir através do seu próprio trabalho as reformas a ser realizadas em favor do progresso Maçónico e os meios de as tornar realidade. O maçom é assim ensinado a ver nas doutrinas e dogmas prevalecentes concepções meramente subjectivas ou símbolos em mutação de uma verdade universal imutável que está reflectida nos ideais maçónicos.

A enfase neste simbolismo, que não é exclusivo da Maçonaria, e que se refere a mistérios e doutrinas de todos os tempos e de todas as civilizações, tem algumas vantagens. Os símbolos, sendo adaptáveis a todos os gostos, doutrinas e opiniões, permitem atrair candidatos e fascinar os iniciados, permitindo preservar a unidade não sectária da Maçonaria apesar de profundas diferenças de religião, raça, nacionalidade e tendências individuais. Sendo símbolos que resumem o conhecimento teórico e prático de todas as eras e de todas as nações, constituem uma linguagem inteligível universalmente. A vantagem maior do uso de tanto simbolismo é que permite à Franco-Maçonaria ocultar os seus propósitos dos profanos e até daqueles que, entre os iniciados, são incapazes de apreciar esses objectivos, ou são mal intencionados e dissimulados na sua participação na vida maçónica.

Apenas parte dos símbolos é revelada aos iniciados, que são intencionalmente enganados através de falsas interpretações. O significado dos símbolos não é desvendado de uma só vez, sendo apenas dadas pistas relativamente ao seu significado geral, devendo cada um descobrir o seu significado profundo e misterioso por si próprio. Cabe assim, a cada maçom, individualmente, descobrir o segredo da Maçonaria através da reflexão sobre os seus símbolos e da cuidada consideração de tudo o que é dito e feito no trabalho da Loja, percebendo-se então aqui a definição da Maçonaria como “uma ciência da moralidade velada na alegoria e ilustrada por símbolos”.

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